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Música dos povos Gregos

22/04/2016 20:30

A Música na Antiguidade - Grécia

 

Contexto Histórico e Música dos povos Gregos

Assim como a civilização egípcia, a civilização grega está dividida em diversos períodos:

  • Período Micênico ou Homérico (século XV a VIII a. C.), marcado por várias invasões doa áqueos, jônios, eólios e dóricos;
  • Período Arcaico (século VIII a século VI a. C.) Hélade como era conhecido à Grécia Antiga, sempre foram uns conjuntos de cidade-estado (polis) independente e ás vezes rivais. Eram unidas somente pela língua, religião e localização geográfica. Os jogos olímpicos são um exemplo da unidade cultural da Grécia, dos quais participavam diversas polis;
  • Período Clássico (século VI a século IV a. C.) Período em que a civilização grega chega ao seu apogeu, especialmente no plano cultural.
  • Período Helenístico (século IV a século I a. C.), após as guerras do período anterior as cidades gregas estavam enfraquecidas. Filipe, rei da Macedônia, aproveitou esse enfraquecimento para conquistar a Grécia. Alexandre, filho de Filipe, foi quem impôs a dominação macedônica aos gregos. O Helenismo marcou um período de transição para o domínio e apogeu de Roma.

Foram os gregos que explicaram pela primeira vez de maneira racional a realidade do mundo, diferente das lendas e crenças de outros povos. Assim nasceu a Filosofia, onde encontramos figuras como Sócrates, Platão e Aristóteles.

Apesar de o alfabeto ser de origem fenícia, foi através do aperfeiçoamento dos gregos que chegou ao Ocidente e é por essa razão que diversas línguas do mundo têm em seu vocabulário palavras gregas.

A arquitetura e a escultura gregas também se sobressaem. As colunas jônicas, dóricas e coríntias exerceram grande influência nas construções ocidentais. Na escultura, destacam-se as estátuas humanas com exaltação do corpo humano em sua plenitude física.

Várias histórias sobre a origem de muitos instrumentos musicais gregos são conhecidas através da mitologia. A própria palavra música vem do grego e significa arte das musas. Na Grécia Antiga estava presente nos Jogos Olímpicos, onde não aconteciam somente competições esportivas, mas também competições de poesia e música. Nos Jogos Píticos uma música descritiva evocava as imagens da luta de Apolo com o monstro Píton.

Nos banquetes, a dança e o canto eram acompanhados por liras e flautas e consistiam no principal divertimento da época.

A música também era imprescindível na educação, e tinha o objetivo de equilibrar e civilizar o indivíduo.

Provavelmente os poemas épicos Ilíada e Odisséia eram cantados por poetas profissionais e acompanhados por cítaras.

Teatro Grego

Era realizado ao ar livre, onde as arquibancadas eram construídas aos pés de colinas para se obter uma melhor acústica. As tragédias e comédias gregas eram acompanhadas por música, dança e poesia.

No espaço físico do teatro grego, a orkestiké ou orquestra ficava entre o público e o lugar reservado para os atores. Nesse espaço ficam os músicos, o coro fazia suas evoluções e realizavam duas danças.

O coro narrava a história atuando como o conselheiro e a consciência do personagem. Esse coro era sempre cantado, podendo ou não ser acompanhado por lira ou flauta. Mais tarde foi introduzida nos coros das tragédias a voz solista (monodia). O coro das tragédias era composto por cerca de 15 cantores, nos dramas satíricos entre 12 e 14 e nas comédias chegava até 24.

Os artistas encenavam as peças usando máscaras como disfarce de acordo com o estilo de cada peça. Essas máscaras também tinham a função de fazer com que a voz dos artistas ressoassem mais.

Teatro de Dionísio – Atenas

 

Sistema Musical Grego:

Podemos considerar que haviam alguns estudiosos que deixaram textos e tratados sobre a teoria musical grega. São eles: Pitágoras, Cleónedes, Aristóxeno, Ptolomeu, Platão e Aristóteles, sendo que cada um deles aborda algumas particularidades específicas da música grega.

Pitágoras, como já vimos anteriormente foi um grande estudioso da acústica musical. Cleóndes, Aristóxeno e Ptolomeu deixaram um legado teórico e os filósofos Platão e a Aristóteles falavam sobre a influência que a música exercia em seus ouvintes.

A teoria musical grega era composta por sete tópicos: notas, intervalos, gêneros, sistemas de escalas, tons de modulação e composição melódica.

O sistema musical grego era baseado em três tipos de tetracordes: diatônico, cromático e enarmônico, conhecidos também como dórico, frígio e lídio.

Esses tetracordes poderiam ser encadeados por:

a) separação, isto é, tetracordes disjuntos, sendo que entre esses dois tetracordes haveria o intervalo de um tom

b) conjunção, ou seja, tetracordes conjuntos, em que a nota final do primeiro tetracorde é a primeira do tetracorde seguinte

Ptolomeu considerava que havia sete maneiras de combinar sons de uma oitava numa harmonia. Cada harmonia, posteriormente chamada de modo, era caracterizada por um número de atributos, como etos, feminino/masculino, notas excluídas, preferências étnicas, e cada modo era associada a uma característica particular de oitava.

Encadeando dois tetracordes dóricos, frígios, ou dois lídios temos por consequência os modos dórico, frígio e lídio. Se a ordem fosse invertida, encadeados por conjunção teremos mais três diferentes modos: hipodórico, hipofrígio e hipolídio.

O sétimo modo grego, o mixolídio teve sua estrutura e natureza muito discutida entre os sábios gregos que atribuem à poetiza Safo sua invenção. Havia também um sistema perfeito menor que consistia em uma oitava de Lá a Lá.

 

Sistema de Espécies e Oitavas

Apesar das contradições e imprecisões que dificultam o trabalho dos estudiosos, há uma correspondência assinalável entre os preceitos teóricos de Aristóxeno e Alípio e os fragmentos musicais que sobrevieram. Dois exemplos ilustram até que ponto os escritos teóricos podem servir de guia para a compreensão dos recursos técnicos da música grega: o Epitáfio de Seikilos, e o coro do Orestes de Eurípedes (gravações historicamente fundamentadas).

Segue baixo a transcrição do Epitáfio de Seikilos

Notação Musical

Os gregos tinham um complexo sistema de notação musical e como outros povos, utilizavam as letras do alfabeto para a representação das notas musicais. Entretanto denominavam com a mesma letra a representação do mesmo som em oitavas diferentes e por isso precisavam acrescentar uma série de sinais auxiliares. Se esses sinais não fossem suficientes, eram então empregadas sílabas, que seriam pronunciadas em voz alta pelo mestre de música aos seus discípulos.

Apesar de todos esses recursos, os gregos utilizavam dois tipos de notação: krusis, derivado de um alfabeto arcaico e utilizado para a música instrumental, e lexis que empregava o alfabeto comum para a música vocal.

O ritmo na música grega estava relacionado sempre com a poesia. Como se sabe, o verso (estrofe lírica) compõe-se de metros, divididos em pés. Os principais pés da métrica grega clássica continham duas unidades básicas: longas (--) e breves (U). Geralmente longas valiam duas breves, mas não era uma regra fixa.

Os pés agrupados formavam os versos, que por sua vez formavam as estrofes e que, em conjunto com outras estrofes, formavam uma composição.

Instrumentos Musicais

  • Sopros – Instrumentos relacionados a Dionísio: aúlós, instrumento de palheta dupla com três ou quatro orifícios de procedência frigia; monoáulós: flautas simples e diaúlós: flauta dupla; syrinx ou Flauta de Pã (instrumento pastoril usados pelas pessoas mais rústicas); sálpinx: instrumento equivalente a trombeta de bronze etrusca; kéras: espécie de trompas e cornetas de uso militar
  • Cordas – Instrumentos relacionados a Apolo: lira ou khítaris: instrumento de corda dos amadores, inicialmente eram de 5 cordas aumentando progressivamente até chegar a 11 cordas, sendo elas feitas de linho ou tripa de animais; prhorminx, instrumento de Apolo, dos poemas homéricos; kíthara: variedade de lira; magadis, barbitone pectis: variedade de liras, harpas e saltérios; salterion: cítara primitiva de tampo liso e cordas dedilhadas; trígono: pequeno salterion de forma triangular.
  • Percussão: crótalos, tambores de várias espécies, triângulos, címbalos e pandeiros.

 

 

Apolo tocando uma cítara de sete cordas

É possível que o primeiro instrumento de teclado de que se tem notícia seja de origem grega, o hidraulis ou hidraulos. O órgão hidráulico tem sua invenção atribuída a Ktesibios (século III a. C.). É composto de uma, duas, ou três fileiras de tubos de som fraco, mas que por meio de um reservatório de água o ar era bombeado para os foles de madeira.

A Grécia foi o berço da cultura ocidental. Embora tenha sido muito influenciada pelas culturas egípcias e orientais, possuía um grande adiantamento nas artes se comparada a outros povos da Antiguidade.

É possível encontrar informações sobre a música grega em vários tratados teóricos e filosóficos escritos por Pitágoras, Ptolomeu e Aristóxeno em figurações de monumentos, relíquias, pinturas, na Mitologia e em melodias gregas gravadas em mármore. Os gregos deixaram informações sobre fatos verdadeiramente concretos em relação à música.

Pitágoras, filósofo e matemático grego, foi quem descobriu a relação matemática dos principais intervalos da escala musical: quarta, quinta e oitava. Platão, por sua vez, em seu livro “República”, descreve a importância da música na educação da juventude para a harmonia e beleza espiritual. Aristóxeno escreveu importantes tratados de harmonia e ritmo. Alypius foi o responsável pelo tratado “Introdução à Música” em que escreveu sobre as escalas e o sistema de transposição grega.

Na Grécia Antiga, a música estava presente em quase todas as ocasiões. Além da citarodia (canto ao som de cítara) e aulodia (canto ao som de aulo), o canto coral acompanhado de instrumentos era muito praticado.

As formas mais importantes de canto coral gregos são:

· Pean: Canção em honra a Apolo acompanhada de cítara.

· Ditiramo: canção de culto a Dionísio, com acompanhamentos de aulos ou barbitons.

· Hino: canção solene dedicada aos deuses com acompanhamento de cítara.

· Treno: canção de lamento fúnebre, com acompanhamento de aulos.

· Himeneu: canção da noiva, com acompanhamento de aulos.

· Escolion: com acompanhamento de aulos e barbitons.

Foi com os gregos que a música se tornou Arte, a maneira de pensar e de ser do artista, levando ao primeiro público socialmente consciente.

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